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sábado, 9 de enero de 2016

É necessário aprender tantas amarrações para carregar um bebê?

Estes dias me questionaram sobre a (des)necessidade de conhecer ou fazer diferentes amarrações para carregar um bebê.


Lógico que saber "jogar" com o wrap sling de variadas maneiras não é em absoluto uma questão de ser mais ou menos mãe, como colocaram na conversa comigo. De modo algum.

Carregar um bebê no pano é, primordialmente, e além de uma arte ("de muitas e diferentes culturas", como minha querida colega Ivana da Silva diz), um puro ato de amor, de aconchego, que acompanhado de praticidade, faz da nossa vida de mãe puêrpera algo mais gostoso, agradável, fácil, prático e saudável. Damos ao bebê o contato que precisa, enquanto ganhamos em praticidade e conforto.

E para isso NÃO precisamos saber muitas amarrações. Precisamos, "apenas", saber a posição fisiolôgica de um bebê em suas diferentes fases de desenvolvimento, e como fazer para respeitá-la com um carregador ou porta-bebê, para não interferir nem prejudicar. Sem nos esquecermos da segurança e da nossa saude também, a do adulto que carrega.

Então, por que eu aprendo, pratico e posso ensinar várias amarrações? Bem, assim o vejo eu, Elena, mãe de três, assessora, produtora e formadora de assessoras de carregar bebês no Brasil. Em definitiva assim o vejo eu, Elena, que sou, além de usuaria, uma profissional do babywearing:

-Carregar, para mim, além de ser algo delicioso que me permite desfrutar do contato e do vínculo com meu bebê/criança de maneiras únicas, é uma paixão. E como tal, me aprimoro, a desfruto, a saboreio, a melhoro, a exibo, a compartilho, a estudo.

-Carregar é também minha profissão. Não quero e nem posso me conformar com um mero conhecimento de usuaria básica, sendo uma profissional da área, e formadora de profissionais. Preciso testar quantos mais tecidos, amarrações, tamanhos de bebê, melhor, para saber orientar com verdadeiro conhecimento de causa.

-Tem amarrações mais frescas, para os dias quentes.

-Tem amarrações com mais passadas/camadas de tecido, para bebês ou crianças mais pesados, que precisam de um suporte mais firme.

-Tem amarrações de lado, para o bebê poder olhar o mundo quando, ai pelos 3 meses, começa ficar mais curioso, deixando também minha frente mais livre para usar meus braços (preparar um café, escovar meus dentes, atender um filho mais velho, etc).

-Tem amarrações de costas, que deixam todo meu campo de visão e ação frontal livres, isso é mais confortável, e também mais seguro (menos risco de tropeçar e cair com todo meu peso sobre o bebê, por exemplo).

-Tem amarrações de costas mais altas, que permitem o bebê ir vendo todo por cima do meu ombro, o que ele adora.

-Tem amarrações que acabam no peito, sem prender ou apertar minha cintura. Para mim, que tenho uma diastase abdominal e o assoalho pélvico delicado, isso é mais confortável. Assim como para mães gestantes com filho de colo, por exemplo.

-Tem amarrações que podem ser feitas com panos improvisados a nossa disposição no dia a dia: cangas de praia, pashminas... cheguei usar até uma blusa de frio um dia, a modo de podaegi (carregador coreano).

-Tem amarrações que, simplesmente, acho lindas, e como o carregar tem virado parte do meu atuendo/vestiario diario, às vezes as prefiro apenas por isso: porque são lindas, da mesma forma que escolho um sapato e não outro, ou um penteado.

-Tem amarrações que minha filha prefere, e depois passa a gostar mais de outras, que lhe permitem mais movimento, ou mais aconchego, dependendo da idade, estado de ánimo, cansaço, etc.

A lista poderia seguir.

Carrego meus filhos diariamente nos primeiros meses e com muita frequencia nos primeiros anos também. É algo diario, é um esforço para meu corpo. Se não é bem realizado, ou me detono, ou desisto.

No dia a dia tenho diferentes necessidades. Se não sei usar o pano de diversas formas, estou limitada.

Saber usar os panos de diversas formas para carregar meus filhos não é exibição, é uma arte que me traz momentos deliciosos. De conforto, de saude (minhas costas agradecem quando é bem usado), de vínculo, de segurança.

Usá-los de qualquer forma, sem um ajuste adequado, ou com menos camadas das que esse tecido - mais fino- pede, ou mais baixos deslocando meu centro de equilíbrio, me da dor de costas, me transmite insegurança pois sinto meu filho mal sustentado, desconfortavel.

Poderia carregar com uma única amarração?
Obvio que poderia. Desde o primeiro dia até os 4 anos se quiser, com o mesmo pano e a mesma amarração. Da mesma forma em que eu poderia preparar as batatas sempre cozidas em água e sal (no final das contas, ficam prontas, são boas, nutritivas e enchem a barriga), mas prefiro às vezes assar elas, outras fritar, fazer purê ou temperá-las de diversas maneiras. Eu, Elena, prefiro. Poderia me limitar a cozinhar e ensinar a cozinhar, sendo chefe de cozinha, batatas cozidas em água e sal? Estaria eu sendo profissional que esperam que eu seja?

Se eu posso aprender amarrações mais confortaveis, ou lindas, ou práticas, para as diferentes fases dos meus filhos, estações do ano (calor, frio...), gosto estético ou necessidades eventuais minhas ou dos meus filhos, eu agradeço, pois como em todo: quantas mais opções, melhores resultados.

Você não está obrigada a aprender mais de uma amarração. Nem sequer está obrigada a aprender uma só. Pode carregar seu filho nos braços diretamente, para ele será ótimo. O que ele precisa é de contato. Desfrute-o da forma que mais amor, saude, segurança e conforto lhes traga!

Elena de Regoyos para www.mamaememima.com
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