Páginas

domingo, 7 de abril de 2013

Abraços de pano, embalos eletrônicos e peitos de plástico para bebês... de pelúcia?

Mas uma da série "vamos inventar o que já existe, para as mãezinhas continuarem consumindo".


Vi hoje esta ternissima imagem do bebê abraçado por uns braços+mãos de mentira, com este texto: "Almofada para os bebês se sentirem protegidos como se estivessem nos braços das mamães!". E eu me pergunto... Tão difícil é obviarmos o "como se estivessem" e, diretamente, pegá-los no colo? Vou lhes contar um segredo: isso é o que verdadeiramente lhes faz se sentirem protegidos, a mãe atrás dos braços. Braços sem mãe... é que nem caroço sem cereja.

De verdade você pensa que um bebê (mais ainda um recém nascido!) vai se importar se a almofada tem forma de mãos, de minhoca ou de borboleta? Você acredita que ele olha a almofadinha e percebe isso? Não tem a sensação de que, mesmo a almofada tendo forma de braços de mãe (e olha, de mãe gigante!), ele poderia sentir a falta do calor do colo da mãe real, do cheiro único da pessoa misturado com o do leite materno, dos batimentos cardíacos que lhe acompanham quando ela o abraça, da voz que lhe nina? Tão pouco esperamos do nosso filho? Que não nos reconheça e se conforme com uns braços de pano? Que acredite que essa almofada, cuja forma de braços ele nem percebe, vai lhe proteger, amar e criar como a mãe de verdade? De verdade você acredita nisso, ou simplesmente acha a almofada bonitinha e por isso gostaria ter uma igual?

Mas não é a primeira tentativa, nem de longe, de algum empresario expertinho tentar se lucrar inventando coisas que a natureza já proveu, se aproveitando da loucura consumista que se apodera de quase toda gestante e mãe.

Poderiamos começar pelo velhissimo e super bem sucedido invento -"O" invento- dentro desta categoria: a chupeta, que não é mais do que uma mera imitação do peito de uma mãe, para satisfazer a sucção não nutritiva (e lamentavelmente às vezes também a nutritiva).

Mamadeiras com bico cada vez mais parecido ao seio materno, cadeirinhas que vibram para substituir o embalo da mãe, saquinho de sementes para substituir o calor que o nosso proprio corpo lhes proporciona se os carregamos no colo, brinquedos com musiquinha para dormir em lugar de uma mãe que o nine com músicas de sempre...

E nós compramos, compramos, compramos... "Como não comprar isso que imita tão bem o que eu lhe dou? Com certeza será o mais apropriado!". Por que pensamos sempre que o fabricado é melhor que o que já existe na natureza? Por que o leite de fórmula poderia ser melhor que o que nós mesmas produzimos? Por que o brinquedo de luzes e sons resulta mais prometedor que uma mãe cantando e tocando? Como uma cadeirinha que vibra vai relaxar mais o bebê que um pai passeando com ele no colo?

De verdade vocês acham fofo o seu filho ser abraçado por uns braços gigantes de pano, podendo lhe abraçar você mesmo? Prefere que ele sugue um pedaço de silicone, em lugar de se aconchegar no seu peito? Prefere que a TV se ocupe de lhes divertir às tardes em lugar de sair procurar formigas ou pedras na rua juntos?

De verdade queria um filho? Bonecos são mais baratos, e não choram nem te solicitam no meio da noite! Em que mundo vivemos?

(Conste que não contra a chupeta, as cadeirinhas vibrantes, a TV, os brinquedos luminosos ou os saquinhos de sementes "porque sim", pois já usei ou uso alguns deles com meus filhos, mas sou contra, sim, de um uso continuado deles como substitutos de nós mesmos, e também de um uso deles sem sequer ter parado para reflexionar sobre o que eles realmente significam e o papel que eles jogam na crianção dos nossos filhos).

Texto de Elena de Regoyos para MamaÉ
Proibida a reprodução sem autorização

No hay comentarios:

Publicar un comentario